segunda-feira, 18 de março de 2013

Experiência escolar de crianças com fissura labiopalatal:
incluindo os invisíveis...
Glorismar Gomes da Silva
Apresentação oral no V Congresso Brasileiro de Educação Especial, São Carlos, SP. Novembro de 2012.


Resumo: Esta comunicação tem como objeto de estudo a inclusão de crianças que nascem com a malformação denominada fissura labiopalatal e seu lugar no contexto do desenvolvimento de um sistema educacional inclusivo. Reflete acerca da formação de professores e a urgência de adquirirem conhecimentos sobre este aluno/a e as peculiaridades de seu processo de aprendizagem. O tipo e características da fissura determinam alterações significativas na comunicação oral que geram um conjunto de barreiras à sua participação na vida escolar e na aprendizagem. A pesquisa discute como o grupo social constituído pelos estudantes com FLP permanece excluído do debate da política de inclusão escolar. O presente estudo revela indícios de que, estudantes com FLP apresentam necessidades educacionais que não são identificadas ou reconhecidas no contexto escolar e, como resultado, experimentam barreiras para serem incluídas, para aprender e para permanecer na escola, ou seja, tendem a abandonar a escolarização.

Palavras-chave: Fissura labiopalatal, inclusão, formação do professor.



Introdução
A criança com Fissura Labiopalatal[1] (FLP) não tem, necessariamente, uma deficiência que a insere nos grupos contemplados pela Politica Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), isto é, alunos/as com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (p. 14). Para cada 650 criança nascida vivas uma tem a FLP (NAGEM FILHO et al., apud VARANDAS, 1995), ou seja, cerca de 3,3% da população brasileira. Apesar das evidentes sequelas na esfera social e educacional na vida de pessoas que nascem com FLP, este tema permanece excluído do debate sobre a inclusão escolar. Desta forma, uma política inclusiva e uma política de formação docente para a inclusão, não pode desconsiderar este grupo social tão representativo na população brasileira.
Este artigo tem como foco, portanto, a inclusão educacional de crianças que nascem com FLP e discute como esta malformação congênita gera necessidades educacionais que, até o momento, não foram abordadas ou sequer consideradas no âmbito da educação inclusiva (SILVA 1993, 1995, 2002). Como contribuição a esta área de conhecimento, este artigo aborda a produção atual existente sobre as FLP visando inserir o tema no debate educacional, uma vez que os trabalhos acadêmicos disponíveis tem sido eminentemente foco de estudos no campo da saúde (ALTMAN, 1994; TABITH, 1993; LOFIEGO, 1992) e se centram nos procedimentos cirúrgicos e de reabilitação (RBCP, 2010. Vol.5).
Nasci com fissura de lábio e palato no sertão da Paraíba. Fiz 14 cirurgias ao longo de 34 anos. A primeira cirurgia foi realizada quando eu tinha três meses de idade. Passei, portanto, inúmeros e longos períodos fora da escola. Encontrei inúmeras e sólidas barreiras para ter sucesso escolar. Tive quatro mães (!): minha mãe e minhas três irmãs. Logo, fui superprotegida. Fui a única que estudei em escola particular em minha família porque ‘minhas mães’ queriam evitar que eu fosse discriminada ou ser objeto de apelidos.
Hoje, sou Mestre em Educação, Especialista em Desvios do Desenvolvimento, Fisioterapeuta e tenho graduação em Educação Física. Atuei como professora universitária, coordenadora de Curso de Graduação em Fisioterapia e participei de congressos nacionais e internacionais. Apesar de minha qualificação e experiência profissional, fui explicitamente discriminada em concursos e seleções para atuar como docente em instituições de ensino superior por causa da fissura.
“Tenho três estudos realizados, dois estudos monográficos: de graduação intitulada: ‘Fissura Labiopalatal: abordagem fisioterápica no tratamento dos órgãos fonoarticulatórios” (SILVA, 1993) e de monografia de Especialização, “Fissura labiopalatal: uma proposta de orientação á família” (SILVA, 1995) e uma dissertação de mestrado sobre “A escolarização de crianças com fissura labiopalatal: um estudo exploratório” (SILVA, 2002). Minha experiência pessoal e meus estudos evidenciaram que inúmeros fatores constituem barreiras significativas para a criança com fissura ter sucesso escolar. Entre elas destaco:
- as cirurgias contínuas, fazendo com que a criança ou jovem se ausente da escola regularmente,

- inicio da escolarização tardia, em função do longo tratamento: cirurgias, fonoterapias, odontologia, etc.

- dificuldade de interação na família e na escola, em função do desenvolvimento de personalidade que tende a ser retraída,

- superproteção da família (cuidados excessivos para não prejudicar o tratamento, evitar acidentes no local da cirurgia, impedir à criança de sair e brincar com outras crianças fora de casa, proteger contra prováveis apelidos por causa da aparência ou/e voz nasalizada).

Por todas as razões acima explicitadas, não tenho duvida de que é urgente e necessário que o tema escolarização de crianças com fissuras lábio palatal seja incluído na pauta do debate sobre inclusão escolar e dos direitos das pessoas com necessidades educacionais porque a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU 2006) apresenta no seu artigo 2 (p.4) a seguinte definição:
"Comunicação" abrange as línguas, a visualização de textos, o braile, a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia acessível, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a tecnologia da informação e comunicação;

“Língua” abrange as línguas faladas e de sinais e outras formas de comunicação não falada;

Não defendo aqui que a pessoa com FLP seja uma pessoa com deficiência. Contudo e com base na definição acima, argumento como a condição da malformação congênita que gera dificuldades comunicacionais, discriminação e necessidades de adaptações ambientais, com frequência, cria bases para a exclusão escolar e aumenta o risco de fracasso e evasão escolar.  
Neste artigo abordamos inicialmente as características da criança com FLP e sua experiência escolar. Segundo, discorremos sobre o que é fissura labiopalatal, causas, características, incidência e tratamento. Terceiro a metodologia e os resultados da pesquisa, e finalmente, concluímos com achados e considerações sobre essa temática.

Entendendo as características da criança com fissura lábio palatal e sua experiência escolar

A escola é o primeiro espaço de convivência da criança com FLP fora do ambiente familiar, sendo o mais importante ambiente extrafamiliar dentro do qual se insere desde tenra idade. A escola caracteriza-se como o primeiro espaço social em que o/a aluno/a com FLP fica inevitavelmente exposto e é colocado à prova quanto suas habilidades intelectuais, físicas e orais. Neste contexto, muito provavelmente, esta criança será alvo de julgamentos, avaliações, preconceitos e discriminação tendo em vista o fato de que “nossas escolas refletem valores sociais nos quais considerável ênfase é colocada na aparência física normal e em habilidades verbais” (ALTMANN, 1994, p.504).
A existência da FLP ou cicatriz de reparação após a cirurgia deixa o/a aluno/a com a face transfigurada e a voz nasalizada. Esta condição aliada à falta de conhecimento dos docentes e da comunidade escolar sobre a FLP e dificuldade de compreensão da fala da criança, pode gerar no aluno/a sentimentos de insegurança e incapacidade, inibição, retraimento e tendência a isolamento social. É fundamental aqui ressaltar que a dificuldade interacional não é, necessariamente, criada pelo aluno/a com FLP, mas sim pelo meio ambiente.
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Com a finalidade de reduzir os prejuízos acarretados pela ignorância acerca da FLP, todos os membros da comunidade escolar (docentes, educadores/as, funcionários, gestores/as, colegas, etc.) precisam ter conhecimentos básicos para poderem apoiar esta criança em sua inclusão, assim como e, sobretudo, para apoiá-la no desenvolvimento do sentimento de pertencimento a esta comunidade. Tal processo de conscientização e mudança se inicia pelo conhecimento básico acerca da malformação, conforme abordo a seguir.








O que é fissura e suas causas?
A FLP é uma malformação congênita que afeta a região facial, particularmente o funcionamento da musculatura orofacial e da articulação da boca e nariz. A fenda existente coloca em comunicação as regiões oral e nasal e, como consequência, provoca o escape de ar pelo nariz e voz nasalizada. As fissuras podem ser unilaterais ou bilaterais e variam desde formas mais leves, como pequena abertura no lábio ou úvula bífida, até formas mais graves como as fissuras completas que atinge o lábio e o palato.
As pesquisas não apontam uma única causa para as fissuras, mas referem como provável causa a combinação de fatores genéticos e ambientais. O fator genético pode ser herdado dos pais e do ambiente, tais como, o uso do álcool ou cigarro; fatores nutricionais (deficiência de vitamina B12, tiamina, ácido fólico e a hipervitaminose), exposição a raios X na região abdominal; ingestão de anticonvulsivante ou corticoide, durante o primeiro trimestre de gestação (MONTAGNOLLI e ROCHA, apud VARANDAS, 1995).

Incidência & Características FLP

Em relação à frequência das FLP, estudos recentes no Brasil apontam para uma incidência de um para cada 650 nascidos vivos. O tipo de fissura mais comum é a de lábio e palato do lado esquerdo, sendo este tipo mais frequente no sexo masculino e a fissura somente de palato no sexo feminino. (NAGEM FILHO et al., apud VARANDAS, 1995). Como uma malformação labiopalatal, portanto, facial, a mesma afeta diretamente as quatro fases interligadas mais importantes do desenvolvimento infantil: (a) alimentação, (b) dentição, (c) audição, (d) voz e (e) fala:
(a) alimentação: embora nem todos os bebês tenham problemas com a alimentação, o bebê com FLP apresenta dificuldade de deglutição e por isso necessita de um cuidado diferenciado: a mãe deve ser orientada a usar mamadeiras com bicos especiais e posicionar o bebê o mais verticalmente possível na hora da alimentação, a fim de evitar que a criança engasgue.
(b) dentição: quando a fissura atinge a gengiva, o osso maxilar apresenta-se dividido provocando, portanto, a ausência de massa óssea a partir da qual os dentes nascem e crescem causando irregularidade na arcada dentária. Neste caso, o bebê necessita de cuidados com profissionais especializados, tais como, médico buco maxilo facial, dentistas e ortodontistas.
(c) audição: a fissura pode provocar perda auditiva como consequência da disfunção das vias aéreas superiores, porém se o tratamento for realizado cedo esse risco diminui consideravelmente.
(d) voz: a fenda (abertura) existente entre o lábio e palato ‘céu da boca’, provoca o escape de ar pelo nariz e, consequentemente, a criança produz voz nasalizada. A voz hipernasal, geralmente, causa constrangimento e inibição para a pessoa falar em público. O tratamento fonoaudiológico organiza as funções orofaciais e reduz ou elimina, dependendo do caso, essas características vocais. Se a fissura atingir apenas o lábio é improvável que haja problemas de fala.
(e) fala: a articulação de determinados fonemas (sons da fala) apresentam-se alterados na criança com FLP, seja por falta do ponto de articulação, como no caso do ´que´ e ´gue´ [/q/ e /g] ou pela ausência de força expiratória (passagem do ar pela laringe) para a produção de sons ‘plosivos’, como no caso do ´pe´ e ´te´ [/p/ e /t].
Para além destas características do desenvolvimento, a estética facial constitui o mais visível e agressivo dos problemas causados pelo quadro de FLP porque a deformidade no rosto, se não resolvida o mais cedo possível, causa experiências de sofrimento psicológico, insegurança, retraimento e, consequentemente, isolamento social.

Tratamento cirúrgico e reabilitação

As cirurgias reparadoras são as primeiras e as mais complexas abordagens terapêuticas adotadas no tratamento da criança que nasce com fissura e são (obviamente) fundamentais para seu desenvolvimento saudável, uma vez que a fissura deixa exposta as vias aéreas superiores da criança colocando o sistema respiratório susceptível a infecções ou outros problemas de saúde.
As cirurgias, portanto, objetivam a restauração do complexo maxilofacial de forma a torná-lo o mais normal possível quanto à função e à estética. Estudos revelam que o tratamento da pessoa com FLP tem como foco principal o procedimento cirúrgico o qual é, também, considerado prioritário no âmbito familiar: existe uma crença de que operar a fissura o mais cedo possível resolverá os problemas da criança. Os dados da pesquisa realizada pelo serviço social do HRAC/USP comprovam que a expectativa dos pacientes em relação ao tratamento se concentra mais em nível cirúrgico (41,6%), seguido do global (27,1%) e fonoaudiológico (14,6%), dentre outros. (GRACIANO, 1998, p. 23).
O período e as etapas das cirurgias a serem realizadas podem variar de acordo com o estado clínico da pessoa, o tipo de fissura, bem como a idade da criança. As cirurgias de reparação das fissuras podem, em geral, ser realizadas a partir dos três meses de idade, mesmo assim, durante a infância, a criança com FLP encontrará vários obstáculos que poderão, mais tarde, afetar o seu processo de socialização e sua vida escolar (SILVA, 2002, p. 34). O tratamento das fissuras de lábio e palato requer a colaboração de uma equipe multi e inter profissional: médicos pediatra, otorrino, cirurgião plástico, psicólogo, fonoaudiólogo, dentistas, etc., tendo em vista a diversidade dos tipos de fissuras e suas implicações de ordem emocional e psicológica.
Os cuidados requeridos no período pós-cirúrgico determinam a necessidade de excessivos cuidados e proteção à criança por parte dos familiares. Esta situação, naturalmente, leva todos os membros da família a pouparem a criança de maiores sofrimentos.  Neste contexto de superproteção e preocupação quanto à recuperação cirúrgica, esta criança poderá permanecer por muito tempo no colo dos adultos e, possivelmente, terá limitada a sua participação nas brincadeiras infantis, a fim de evitar um possível dano no local da cirurgia.
Considerando-se a inevitabilidade das experiências cirúrgicas desde tenra idade, a criança também, inevitavelmente, vive a experiência de ter limitada (ou mesmo impedida) as atividades próprias de sua faixa etária. Por exemplo, um bebê com fissura não pode ser amamentado no pós-operatório; seus braços (articulação do cotovelo) ficam imobilizados para que ele não alcance a área operada e, consequentemente, a criança não pode brincar como outras crianças. Estes eventos são frequentes durante a vida da criança que nasceu com esta malformação e a acompanham durante a fase de escolarização. Exatamente, por isso, é importante que a comunidade escolar e, em especial, as professoras, possuam conhecimentos básicos sobre a FLP e sobre as consequências desses tratamentos a fim de que possam apoiar esta criança a passar por estas fases sem prejuízo de sua escolarização, atrasos no processo de aprendizagem e assegurar a interação saudável com colegas.
Minha pesquisa de mestrado “Escolarização de crianças com Fissura Labiopalatal: um estudo exploratório” (SILVA, 2002), cuja metodologia é a seguir detalhada, evidencia que o aluno/a com FLP procura o isolamento na classe, sentando-se sempre nos cantos da sala, preferencialmente, nas últimas carteiras, nos intervalos das aulas ficam dentro da sala de aula e brincam, muitas vezes, sozinhos.

Metodologia

Conduzi um estudo exploratório no mestrado sobre a escolarização de crianças com FLP. A pesquisa teve como objetivo explorar a experiência educacional de crianças com FLP e também de seus professores/as a fim de enfatizar a importância e urgência de introduzir o tema no âmbito do debate sobre a educação inclusiva, uma vez que estes estudantes também apresentam necessidades educacionais. Ferreira (2006) define necessidades educacionais

... como as necessidades de todas as crianças, jovens ou adultos, que por motivos distintos enfrentam barreiras para aprender, tais como barreira de acesso ao conteúdo curricular, arquitetônicas (acessibilidade física), atitudinais (discriminação, rejeição, maus tratos), linguísticas, as quais impeçam sua permanência na escola e a boa performance educacional (grifo do autor) (FERREIRA, 2006, p. 225).

O estudo foi realizado em três escolas públicas estaduais do município de João Pessoa, Paraíba, nas quais cinco alunos/as do ensino fundamental e médio com idade entre 10 e 14 anos, sendo quatro meninos e uma menina e cursavam da 2ª série (3º ano) a 7ª série (8º ano).
Os dados foram colhidos por meio de observações nas salas de aula, fotos (da sala de aula e das aulas de educação física ou do intervalo) e entrevistas semiestruturadas realizadas com três diretores e sete docentes. Para tanto foram elaborados quatro roteiros de entrevistas: diretores/as, docentes, mães e alunos/as. Foram realizadas cinco entrevistas com três mães duas avós dos alunos/as, em suas residências.
Entrevistar as crianças e adolescentes com fissura foi desafiador e inusitado para mim, já que sou também uma pessoa com fissura... Considerei por isso mesmo que a entrevista seria relativamente fácil porque minha condição de igualdade a tornaria mais amigável e produtiva. Neste caso especificamente, as perguntas da entrevista se basearam nas questões relativas às experiências, preferências e dificuldades enfrentadas na escola por cada aluno/a.
A entrevista (transformada em conversa a fim de deixá-los mais a vontade) não ocorreu de forma tão favorável como o esperado. Nas respostas às questões por mim colocadas, os alunos/as pouco falavam: permaneciam com a cabeça sempre baixa, apenas acenavam com a cabeça afirmando ou discordando sobre algo ou, no máximo, respondiam ‘sim’, ‘não’ e ‘não sei’. Tal situação me foi bastante familiar, uma vez que eu também me sentia incomodada pelo fato de tocar em temas doloridos para eles/as, senão desagradáveis, assim como por também compreender o quanto ‘estes assuntos’ os deixavam desconfortáveis ao serem convidados para falar sobre suas dificuldades para uma pessoa estranha, mesmo que também possuidora dos sinais da malformação. Algumas vezes, as mães responderam por eles/as.
Os sujeitos da pesquisa foram identificados a partir de visita ao Núcleo de Fissura do Hospital Universitário Lauro Wanderley, no qual solicitei à fonoaudióloga que me fornecesse uma relação de crianças em atendimento no núcleo e em fase de escolarização. A relação oferecia 17 contatos dos quais apenas cinco estavam dentro dos critérios estabelecidos pela pesquisa. Cabe esclarecer que atuei como fisioterapeuta voluntária no referido núcleo e, portanto, não houve dificuldade para a obtenção de apoio ao estudo que conduzia.

Resultados

O estudo revelou que o conhecimento sobre a FLP é inexistente para os docentes entrevistados uma vez que todos/as inicialmente informaram que ‘não sabiam o que é fissura ou nunca tinham ouvido falar ou visto’ (SILVA 2002, p. 154).  Apesar disso, ao longo da entrevista houve a tentativa, por parte de alguns, de definir esta malformação.
Há indícios de que há uma defasagem entre a percepção de diretores e professores/as sobre a experiência educacional do aluno/a com FLP e a percepção das mães e, principalmente, dos alunos/as que parecem sentir mais a ‘diferença de tratamento’ do que o que seus docentes podem perceber.
O estudo revela que os docentes de escolas públicas entrevistados reconhecem as dificuldades expressadas pelo aluno/a com FLP, mas ao mesmo tempo, assumem a angústia gerada pela sua falta de conhecimento e informações sobre esta malformação e, pelo fato, de não saberem lidar ou como agir frente à dificuldade de comunicação, de interação satisfatória com as pessoas que formam a comunidade escolar e do comportamento mais reservado do aluno/a (SILVA, 2002, p. 137). Apesar disso, há docentes que, intuitivamente, buscam formas de responder às demandas trazidas por este aluno/a.
Os resultados de pesquisa realizada por Buffa (2009), que aplicou questionário com 159 professores/as da rede de ensino pública e particular de Bauru, no estado de São Paulo, evidenciam que 84,9% (135) dos docentes têm curso superior, sendo 55,35% (88) graduados em pedagogia, mesmo com essa formação 76,73% (122) dos professores, sentem-se despreparados para receber uma criança com FLP em sua sala de aula. A pesquisa observou também, que 95,30% (88) dos professores têm pouco conhecimento sobre as FLP.
A pesquisa conclui que, apesar dos professores/as considerarem favorável a inclusão de alunos/as com FLP na classe comum, independente da criança estar operada ou não, os professores/as de uma forma geral têm pouco conhecimento sobre a FLP e pouca atuação profissional com crianças com essa malformação (BUFFA, 2009). Este resultado alinha-se aos resultados de minha pesquisa.
É interessante destacar que Bauru é a cidade onde está localizado o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais ou apenas ‘Centrinho’, que tem status de hospital de referência na América Latina no tratamento de FLP[2] e apesar disso, os resultados do estudo acima referido revelam que a formação docente para a inclusão ainda carece de abordagem do tema FLP.
As características da malformação facial associadas à alteração fonoarticulatória podem provocar dificuldades em graus diferenciados, tais como, fala tardia, distúrbios na articulação dos sons da fala (trocas fonêmicas) e dificuldades de aprendizagem decorrentes destas alterações. Estas dificuldades certamente serão evidenciadas no processo de escolarização porque quando

...a criança entra na fase escolar geralmente apresenta atraso na aprendizagem devido à dificuldade que apresenta na escrita e na articulação correta dos fonemas, ou até mesmo por um sentimento de inferioridade gerado pela própria escola e sociedade pelo fato de ser diferente (BRENNEISEN, apud GUNTHER, 1995, apud SILVA, 2002, p. 34).

Tendo em vista que esta deformidade prejudica a capacidade e a qualidade da expressão oral, outras áreas do desenvolvimento infantil podem estar sujeitas a apresentarem dificuldades que serão refletidas na escolarização durante a qual se espera que a criança realize atividades eminentemente orientadas pela comunicação oral e escrita.
Como vimos, a priorização do processo cirúrgico da fissura gera o inicio tardio da escolarização e o absenteísmo escolar, que por longos períodos se transformam em um consistente ‘pano de fundo’ para esta criança apresentar fracasso escolar caracterizado pelo atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem oral e, consequentemente, na aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita (alfabetização). Barbosa (1995, p. 37), cita que a

linguagem humana é fundamental ao processo de interação social e desenvolvimento intelectivo. A escolarização ou aquisição da linguagem escrita, por sua vez, depende da adequada aquisição da linguagem oral.

As condições descritas acima apontam para a existência de graves barreiras existentes em nível pessoal, familiar, social e escolar que afetam a vida da criança com FLP, as quais parecem concorrer, de forma significativa, para a criação de um ambiente não favorável à sua aprendizagem: do sentimento de insegurança e timidez à dificuldade da compreensão efetiva da fala por parte do professor e colegas estão presentes entre estas barreiras, isto é, “os jovens com fissuras palatinas e fissuras labiais são um exemplo claro de como os distúrbios físicos congênitos causam problemas para as dimensões educacionais e psicológicas da criança em desenvolvimento” (KIRK, 1987, p. 294).
O processo de aprendizagem deste estudante, portanto, poderá caracterizar-se por falta de interesse em frequentar a escola ou em cumprir as tarefas escolares como consequência das dificuldades de expressão, o que, por conseguinte, provoca a desmotivação para envolver-se com colegas de classe e com outros membros da comunidade escolar. Glasses (1990), Smith e Tomlinson (1990), citados por Ainscow (1995, p. 3), afirmam que

para muitos alunos, a sua participação na escola constitui uma experiência insatisfatória, deixando-os desencorajados em relação às suas próprias capacidades e desiludidos acerca do papel da educação em sua vida.

A falta de conhecimento sobre a fissura de lábio e/ou palato por parte da comunidade escolar aliado à dificuldade de compreensão da fala da criança tende a reduzir a expectativa do professor/a com relação ao desempenho educacional deste aluno/a, uma vez que “os professores tendem a dar menor feedback aos alunos que têm dificuldades especiais, fazer-lhes um menor número de perguntas ou esperar menos tempo pela sua resposta” (COOPER, apud WANG, 1994, p.3).
O estudo realizado por mim mostra que ‘os professores percebem a situação do aluno, enfatizando sua diferença no aspecto estético ou no seu relacionamento social’. (SILVA 2002, p. 157). A existência da cicatriz de reparação cirúrgica que, em muitos casos, provoca assimetria facial e pode gerar certo constrangimento por parte do docente ou, até mesmo, dúvidas com relação à capacidade de aprender deste aluno/a. Sobre essa relação, Alves (2006), argumenta que

não é difícil percebermos a ideia errônea de uma estreita ligação entre aparência física e desempenho escolar, como se um jeito diferente de andar ou de se comunicar, uma maneira menos comum de gesticular pudessem, por si só, serem indicativos de impossibilidade de aprendizagem (p.34).

Ou seja, a malformação facial somada à interação reservada do aluno com fissura na classe pode levar o docente à crença de que há uma dificuldade para aprender que não reflete, necessariamente, a realidade. A falta de acesso a um conhecimento realístico sobre o desenvolvimento da pessoa com FLP, tanto da família como daqueles que constituem a equipe da escola, assenta o solo para a emergência de rótulos, preconceitos e atitudes que são incompatíveis ao favorecimento do processo de aprendizagem dessa criança. A este respeito, Kudo (1990, p. 324) afirma que

[...] no meio escolar essas crianças com fissuras, operadas ou não, são frequentemente encaradas como defeituosas e podem ser consideradas intelectualmente inferiores por seus companheiros e até por educadores, além de possivelmente serem alvo de sarcasmos e zombarias de seus colegas.

Alves (2006) em seu trabalho destaca alguns estudos sobre a relação entre a aparência física e atuação docente inclusiva. Um desses estudos refere que

...a relevância da aparência física como atributo na formação de conceitos sobre a pessoa e que crianças podem ser julgadas por seus professores como sendo academicamente mais ou menos competentes de acordo com suas aparências, podendo também, por interferência desta categoria, serem alvos de interações mais ou menos favoráveis por parte dos docentes. Mostrou-nos, ainda, que as percepções equivocadas e a expectativa decorrente delas, introduzem um viés sistemático de baixo investimento e negligência para com os processos de aprendizagem destes sujeitos. (p. 33).

Mais uma vez as pesquisas reforçam meu argumento de que a formação docente (inicial e continuada) precisa, urgentemente, contemplar temas que dizem respeito ao estudante com FLP, a fim de assegurar práticas educativas orientadas, de fato, por princípios cada vez mais inclusivos, os quais devem também orientar respostas positivas dos docentes quando alunos/as com FLP estiverem presentes em suas turmas: “nessa direção o aluno não mais será visto como incapaz, mas como um ser humano único, possuidor tanto de capacidades quanto de limitações”. (ALVES, 2006, p. 35).

Considerações Finais

A educação brasileira é hoje orientada pelo principio da inclusão dos denominados grupos vulneráveis: estudantes afro-brasileiros, das pessoas com deficiências, dos indígenas, etc. Então faz sentido político e social que o grupo social constituído pelas pessoas com FLP seja incluído como um dos temas na agenda da política de inclusão escolar e também no debate sobre o atendimento educacional especializado, de forma que a professora da sala de aula regular possa contar com o apoio da professora da sala de recursos ou outro profissional quando tiver em sua turma um aluno/a com FLP.
A Política Nacional de Educação Especial define como a população alvo do atendimento educacional especializado (AEE) os estudantes com deficiência (intelectual, sensorial e motora), transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2008). Crianças e jovens matriculados nas escolas da rede pública e privada que não se enquadram nesta população (por exemplo, estudantes com dislexia, dislalias, privação sociocultural, etc.), acabam por ter suas necessidades negligenciadas. Da mesma forma, crianças e jovens com FLP que estão matriculados nas escolas brasileiras ainda permanecem invisíveis no campo da educação em geral e, em particular, no debate e ações decorrentes da política de inclusão.
É interessante destacar o paradoxo que advém da definição da população alvo da educação especial conforme estabelecido na política de inclusão, isto é, ao mesmo tempo em que a criança com fissura pode ser facilmente negligenciada ou estar invisível no contexto escolar, mesmo apresentado necessidades educacionais, os alunos/as com deficiências (segundo a política) devem ser entendidos como estudantes que tem direitos que devem ser respeitados: acesso a serviços, oportunidades, apoio, etc. Segundo Ferreira (2008, p. 127), a condição de invisibilidade “ocorre quando um indivíduo (ou grupo social) é inadvertido ou, intencionalmente, ‘cortado fisicamente’ da rede social, que o vincula à sociedade, tornando-o um subgrupo ilhado” (apud SOARES, 2010, p. 22).
Nesse sentido, cabe questionar como uma política de inclusão privilegia determinados grupos e desconsidera a invisibilidade de outros? Como pode esta política, portanto, ser considerada democrática e inclusiva em um país em que os grupos vulneráveis e em permanente risco de exclusão extrapolam a população alvo definida pela mesma?
A minha experiência pessoal aliada à condução de três trabalhos acadêmico-científico sobre o tema, me levou a uma posição tanto de proximidade quanto de distanciamento das experiências educacionais do grupo social constituído pelas pessoas com FLP e, mesmo admitindo que a maioria das pessoas com fissura não tenham uma deficiência, mas sim uma malformação, a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência define a condição deficiência em relação ao meio ambiente e sua atuação no sentido de inviabilizar a realização plena do individuo.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (art. 1).

Pelo seu propósito de promover e assegurar os direitos das pessoas com deficiência a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência abrange os problemas de comunicação, incluindo a “linguagem simples, escrita e oral” e defende a adaptação razoável que,

significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; (art. 2).

Uma vez definido que a deficiência se instala em articulação com o meio ambiente, a pessoa com FLP que encontra barreiras na escola, mesmo que estas se manifestem em determinados períodos de sua vida e não afetem diretamente o processo de aprendizagem, deveriam também ter acesso a apoio.
Apesar desta análise conceitual, defendo que as crianças com FLP, em princípio, não devam ser consideradas como sendo deficientes, exceto quando a FLP vem associada a algum tipo de deficiência. Contudo, as implicações de ordem educacional e social que afetam esta população durante sua vida escolar não pode mais permanecer ignoradas nos meios acadêmicos e científicos onde as denominadas ‘necessidades educacionais’, os direitos humanos e a educação inclusiva são abordados. O presente trabalho tem exatamente este propósito: instigar o debate, colocar o tema na pauta do debate acadêmico a fim de provocar interesse para futuro aprofundamento sobre essa temática no campo da educação, uma vez que há escassez de estudos que possam contribuir para as políticas educacionais inclusivas, formação de professores e inclusão (plena participação) de alunos com a FLP na escola e na sociedade.
As inúmeras situações constrangedoras experimentadas na escola pela criança com fissura, a qual pode facilmente ser vítima de apelidos, imitação (da voz) ou aparência e rotulado pelos próprios professores como um aluno/a com dificuldade cognitiva, sem que nenhum adulto (professor/a, diretor, etc.) esteja preparado para interferir a seu favor ou lhe direcione as devidas atenções para apoiá-los frente às barreiras atitudinais, comunicacionais ou de aprendizagem. Muitas dessas atitudes de rejeição e indiferença (da escola e da sociedade) frente às necessidades emergentes da criança com fissura são baseadas, em grande parte, pela falta de informação sobre esta malformação, que geram sentimentos dúbios de insegurança e incapacidade, temor social e isolamento. Assim, defendemos que é não somente urgente, mas necessário a inserção deste tema nos cursos de formação inicial e continuada de professores/as da rede de ensino brasileira.

Referências

AINSCOW, M. Educação para todos torna-la uma realidade. Congresso Internacional de Educação Especial. Inglaterra. 1995 Anais... Inglaterra: [S. n], 1995.

ALTMAN, E. B. C. Fissuras labiopalatinas. Carapicuíba, Pró-Fono Departamento Editorial. 1994.

ALVES, D. O. Inclusão escolar de alunos com deficiência: expectativas docentes e implicações pedagógicas. Inclusão - Revista da Educação Especial. Dez. 2006.

BARBOSA, V. L. B. Estudo da influência da linguagem oral no processo de aquisição da linguagem escrita a partir da experiência dos professores alfabetizados. 1995.

Monografia de conclusão do curso de Especialização em desenvolvimento infantil e seus desvios. João Pessoa, 1995.

BRASIL, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Decreto Legislativo no 186/2008. Decreto no 6.949/2009. 4ª Edição revista e atualizada. Brasília. 2012.

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[1] Popularmente conhecida como: ‘lábio leporino’ e ‘goela de lobo’.
[2] Realizei cinco cirurgias no ‘Centrinho’ após 1991, quando tive conhecimento do mesmo por meio de profissionais e pais de crianças, jovens e adultos com FLP, que estavam abrindo um Núcleo de Atendimento Cirúrgico e de Reabilitação no Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba naquele ano.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vamos nos incluir no Blog

Olá
Boas vindas ao novo espaço de conhecimento, informação, aprendizado e entretenimento.

Este Blog ainda em criação e teste, tem a intenção de informar e oportunizar a tod@s, conhecimentos e prátricas sobre temas ligados a Educação, Inclusão, deficiências, necessidades especiais, cultura, artes, diversão, além de informações sobre eventos, cursos, congressos, etc.

Especialmente tem a intenção de compartilhar informações e experiências sobre as Fissuras Labiopalatinas (FLP), tão frequente em nossa população, pois para cada 650 crianças nascidas vivas no Brasil uma nasce com fissura de lábio e/ou palato.

O que é Fissura Labiopalatal ou Labiopalatina:
A FLP é uma malformação congênita que afeta a região facial, particularmente o funcionamento da musculatura orofacial e da articulação da boca e nariz. A fenda existente coloca em comunicação as regiões oral e nasal e, como consequência, provoca o escape de ar pelo nariz e voz nasalizada. As fissuras podem ser unilaterais ou bilaterais e variam desde formas mais leves, como pequena abertura no lábio ou úvula bífida, até formas mais graves como as fissuras completas que atinge o lábio e o palato (SILVA, 2002).

Como sugestão, ler o artigo na página desse Blog sobre Escolarização de crianças com FLP...